26 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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17/03/2012

Todos nós conhecemos a expressão “balaio de gatos” com o significado de uma situação confusa envolvendo pessoas ou dúvidas sobre interpretação de uma questão que possa suscitar opiniões contraditórias. Muitas vezes a gente ouve dizer que um determinado amigo ou conhecido está metido num balaio de gatos, a braços com um problema de difícil solução envolvendo pessoas e interesses diversos.
O balaio, que é um cesto em geral de tamanho grande, tecido em palha grossa, é muito usado nos sítios e fazendas, também na cidade, para acolher roupa usada, ou para qualquer outra serventia doméstica.  Nos poleiros, situados nos galinheiros, onde os há, coloca-se sempre um balaio, forrado com palha de milho ou capim, para assento e conforto das galinhas poedeiras. Colocados de boca para baixo servem de guarida ou esconderijo de aves ou objetos de acordo com as necessidades e ocasiões. Assim é que, na minha terra, a sempre lembrada Torrinha, ouvia desde meus tempos de menino, a expressão “debaixo do balaio”, até que dia meu pai explicou: deixa-se um frango ou uma galinha debaixo do balaio para facilitar sua presa em caso de necessidade, por exemplo, para atender a um conhecido que chega, inesperadamente, sem prévio aviso, para o almoço ou para a janta. Isso acontecendo, sacrifica-se a ave aprisionada debaixo do balaio para ser servida na refeição, evitando-se a sua busca quando solta no terreiro, sempre arisca. Claro que situações como essa só podem acontecer nas cidades do interior onde ainda existem poleiros e galinhas ou frangos soltos nos quintais. E compadres que chegam sem aviso para almoçar ou jantar.
Mas a expressão é de uso figurativo, também, a significar que você deixa um assunto, uma tarefa, ou uma idéia, aguardando “debaixo do balaio” até o momento em que possa ter a utilidade desejada. Alguma pessoa que lhe possa ser útil, oferecendo-se para uma ajuda ocasional, ou de emergência, a gente diz: deixa de baixo do balaio; na hora certa a gente chama.
No sentido figurado vá lá que a expressão possa ter utilidade eventual nas cidades grandes. Mas lá nos rincões deste mundão de meu Deus, nos sítios, fazendas e chácaras existentes neste vasto chão brasileiro, quantos balaios haverá, na prática, acobertando frangos ou galinhas à espera de um compadre ou de um imprevisível visitante que possa surgir de repente para uma janta! 
Na vida política, nem se fale. Pode-se deixar debaixo do balaio um correligionário ou um eleitor indeciso, matreiro, que se pode buscar no momento certo, ao custo de uma promessa, nem sempre cumprida, ou do tradicional par de sapatos, ou emprego, como recompensa pela fidelidade do apoio, escondido nas entranhas do voto secreto.

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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