Os coronéis estudados no livro são Chico Romão, de Serrita, Pernambuco; José Abílio nascido na Fazenda Mandacaru, em Bom Conselho no agreste pernambucano, sobrinho do lendário Tenório Cavalcanti; Chico Heráclio, de Limoeiro; e Veremundo Soares, filho de padre, nascido no município de Salgueiro, também pernambucano. O famoso e saudoso humorista Chico Anísio, deve ter-se inspirado em cada um deles e de outros tantos coronelões do nordeste para construir o seu Coronel Limoeiro que fez história na televisão brasileira nos idos de 1970 e seguintes. Os coronéis tinham poder absoluto em seus domínios, verdadeiros donos de vontades e de votos nas eleições que comandavam com mão de ferro em favor de seus candidatos por eles mesmos escolhidos e ungidos. Registram os autores desse livro que "a figura do coronel nordestino se alia à do chefe político. Na verdade, todo chefe político do remoto interior ainda conserva - seja ele até um letrado: médico, bacharel ou padre - muito dos métodos, atitudes e outras características tipicamente coronelísticas" (p. 37).
O retrato e a atuação dos quatro coronéis estampados no livro lembram um dos últimos ainda atuando na vida política brasileira: o coronel José Sarney, senhor absoluto do Maranhão, senador pelo Estado do Amapá onde nunca residiu. Recentemente os jornais noticiaram a aposentadoria de sua filha Roseana, como funcionária do Senado por apenas três anos, tempo em que teria "trabalhado" alí. Total do salário de "aposentada": R$18.000,00. E ainda vai receber aposentadoria de governadora do Maranhão. É provável que nenhum dos quatro coronéis retratados no livro aqui referido tenha praticado tantos e tais abusos. Seu poderio era mais de âmbito municipal. Sarney, não. É poderoso em termos nacionais, dentro do governo e do Senado, prestando apoio político agora à presidente Dilma. Cabe aqui a observação o sociólogo José de Souza Martins: o que esse governo tem feito, desde Lula, é "agregar à sua base política o que de mais representativo há do remanescente oligarquismo brasileiro e da obsoleta, e não raro corrupta, dominação patrimonial". E ainda se diz que Deus é brasileiro!
Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.