26 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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15/06/13

Dois professores da Universidade do Recife produziram um ensaio onde  estudam quatro casos do chamado coronelismo no nordeste do país, em livro considerado um dos clássicos da literatura do gênero:  Coronel, Coronéis - Autores Marcos Vinício Vilaça e Roberto Cavalcanti de Albuquerque, Editora Tempo Brasileiro, Rio/1965.  Os autores, por meio de cuidadosa pesquisa, analisam o domínio econômico, social e político dos coronéis no alto sertão nordestino e no agreste pernambucano, projetando efeitos sobre a sociedade que, ainda hoje, vê na atuação dessas lideranças um mal a ser extirpado, mas que ainda não foi.

Os coronéis estudados no livro são Chico Romão, de Serrita, Pernambuco; José Abílio nascido na Fazenda Mandacaru, em Bom Conselho no agreste pernambucano, sobrinho do lendário Tenório Cavalcanti; Chico Heráclio, de Limoeiro; e Veremundo Soares, filho de padre, nascido no município de Salgueiro, também pernambucano. O famoso e  saudoso humorista Chico Anísio, deve ter-se inspirado em cada um deles e de outros tantos coronelões do nordeste para construir o seu Coronel Limoeiro que fez história na televisão brasileira nos idos de 1970 e seguintes. Os coronéis tinham poder absoluto em seus domínios, verdadeiros donos de vontades e de votos nas eleições que comandavam com mão de ferro em favor de seus candidatos por eles mesmos escolhidos e ungidos.  Registram os autores desse  livro que "a figura do coronel nordestino se alia à do chefe político. Na verdade, todo chefe político do remoto interior ainda conserva  -  seja ele até um letrado: médico, bacharel ou padre - muito dos métodos, atitudes e outras características tipicamente coronelísticas" (p. 37).
O retrato e a atuação dos quatro coronéis estampados no livro lembram um dos últimos ainda atuando na vida política brasileira: o coronel José Sarney, senhor absoluto do Maranhão, senador pelo Estado do Amapá onde nunca residiu. Recentemente os jornais noticiaram a aposentadoria de sua filha Roseana, como funcionária do Senado por apenas três anos, tempo em que teria "trabalhado" alí. Total do salário de "aposentada": R$18.000,00. E ainda vai receber aposentadoria de governadora do Maranhão.  É provável que nenhum dos quatro coronéis retratados no livro aqui referido tenha praticado tantos e tais abusos.  Seu poderio era mais de âmbito municipal. Sarney, não. É poderoso em termos nacionais, dentro do governo e do Senado, prestando apoio político agora à presidente Dilma. Cabe aqui a observação o sociólogo José de Souza Martins: o que esse governo tem feito, desde Lula,  é "agregar à sua base política o que de mais representativo há do remanescente oligarquismo brasileiro e da obsoleta, e não raro corrupta, dominação patrimonial".  E ainda se diz que Deus é brasileiro!

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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