O-SenseGiuliano, com 23 anos, recebe investimento para start-up
Giuliano Giacaglia, 23 anos, é de Santo André, mora em Boston,Estados Unidos, há seis anos. Por lá, estudou engenharia e ciência da computação no Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) e ainda fez mestrado em inteligência artificial. Trabalhou em empresas como Microsoft e Facebook. Agora, se tornou sócio do americano Paul English e recebeu um investimento para desenvolver uma start-up de pagamentos.
Você deixou sua família e amigos no Brasil para estudar engenharia e ciência da computação no MIT. Após, ainda fez mestrado. Tudo isso ainda muito novo, com menos de 22 anos. Como foi a fase de adaptação longe da família?
Eu tive muita sorte por ter essas oportunidades, por isso tentei me dedicar ao máximo para aproveitá-las. Porém foi difícil me adaptar - eu amadureci muito. É comum nos Estados Unidos estudantes saírem de casa e irem para outro estado estudar na faculdade. O lado positivo disso é que eles aprendem a se virar mais cedo. Eu estudei em Boston, que como Campinas, é uma cidade com muitos universitários. Isso ajudou porque todos na minha volta estavam em uma situação parecida.
Como era sua vida de estudante? Como lidou com a saudade de tudo o que deixou no Brasil?
A faculdade exigia que os estudantes entregassem trabalhos toda a semana. Esses trabalhos são muito difíceis, porém eles têm aplicação direta na vida real. A vida de estudante por conta de todo o trabalho e saudade da família. Há dias que você dorme 2 ou 3 horas por noite para terminar todos os trabalhos. É muito trabalho, mas o trabalho recompensa, e já recompensou.
Por que você abriu mão de trabalhar no Facebook e na Microsoft, que é o sonho de muitos jovens? E como foi sua experiência nessas empresas?
(Risos). Eu decidi trabalhar nessa empresa com inspiração em outros empreendedores. Eu aprendi muito lendo sobre a vida de muitos inovadores que criaram produtos e empresas surpreendentes. O Steve Jobs é o exemplo clássico por criar a Apple e a Pixar, e consequentemente por criar todos os produtos que essas empresas criaram. Não é a toa que Toy Story e o iPhone foram tão populares. A Microsoft é uma empresa bem maior e mais antiga que o Facebook. A Microsoft está em Seattle, que é uma cidade muito bonita. Seattle tem muitas montanhas e áreas para fazer caminhadas. Já o Facebook é uma empresa nova e com muito menos gente. Quando eu fui trabalhar no Facebook, a empresa não tinha muitos engenheiros e isso me proporcionou uma experiência muito boa porque eu aprendi muito. O Facebook está no centro do Vale do Silício. As experiências são totalmente diferentes, porque as cidades têm perfis diferentes. Não me adaptei ao Vale do Silício, tem muita gente fazendo start-ups. É uma bolha, não no sentido financeiro, mas de falta de diversidade. Eu aprendi e amadureci muito trabalhando nas duas empresas. Eu sou muito grato pelas oportunidades que tive.
Como surgiu a idéia de se tornar sócio do americano Paul English e de desenvolver uma start-up de pagamentos?
O Paul English tem muita experiência na área de tecnologia. Ele já trabalhou e criou várias companhias excelentes. A Kayak foi sua última empresa. A Kayak tem uma reputação excelente aqui em Boston por sua cultura e tecnologia e o Paul foi peça essencial para o seu sucesso. Eu conheci ele por um amigo que trabalhou para a Kayak há 5 anos atrás. A idéia surgiu porque o mercado de pagamentos é muito ineficiente.
Sua empresa recebeu uma grande quantia para investimentos. Como pretende aplicar esse dinheiro para driblar a concorrente Square? Receberá outros investimentos?
A empresa está focada em criar um produto que adicione o maior valor para as pessoas. Nós estamos 100% em criar a melhor experiência para os nossos usuários. Agora o nosso produto não está focado em um mercado que a Square participa. Não estamos preocupados com nossos concorrentes, mas estamos focados em criar o melhor produto e ter o melhor time possível. O restante é consequência do trabalho.Todos os investimentos serão usados para melhorar o time e criar o melhor produto possível.
Quais são seus planos para o futuro? Pretende se fixar definitivamente nos Estados Unidos, ou ainda pensa em voltar para o Brasil?
Agora eu estou 100% focado em criar o melhor produto possível e a melhor equipe possível. Eu estou muito interessado em educação no Brasil. Eu sei que existem instituições privadas fazendo um excelente trabalho nessa área, como a Fundação Lemann.
