26 Apr 2024

É Carnaval

Chegou aquela época do ano, no qual muitos esquecem, momentaneamente, dos problemas cotidianos, das contas à pagar, dos projetos, das metas de vida, para vestir uma fantasia, um adereço festivo, derramar muito glitter sobre o rosto ou pelo corpo, afinal, é Carnaval. Gostando ou não da data, não adianta, não há como fugir. Estando em solo tupiniquim você terá que viver o Carnaval.
E ele está presente por todas as partes. Se você for viajar, saberá que é Carnaval pelo conglomerado de pessoas que irão entupir praticamente todos os locais, pelo spray de espuma que crianças ou marmanjos irão espirrar no seu carro quando estiver passando pelas ruas, ou ainda se encontrar um dos milhares de bloquinhos de rua ou festas tamáticas. Se você ficar em casa, também viverá o Carnaval, seja ao ligar a TV, ou abrir uma página de internet, site de notícias, o assunto será um só, Carnaval: dicas de make-ups com glitter ou fantasias, melhores bloquinhos, desfiles das escolas de samba, trio elétricos na Bahia, flashes dos camarotes, e assim vai, quase que infinitamente, um massacre, uma overdose de folia, por quatro dias. Sem mencionar as redes sociais.
Apesar do Carnaval ser uma data indispensável para a maioria dos brasileiros, muitos não sabem porquê se comemora a festa.
O Carnaval é uma palavra que tem origem no latim "carna vale" e que significa dizer "adeus à carne". Para alguns pesquisadores, o Carnaval teve origem na Babilônia com a comemoração das Saceias. Festa na qual se concedia a um prisioneiro que assumisse a identidade do rei por alguns dias, sendo morto ao fim da comemoração. Ainda havia uma celebração, no templo do deus Marduk, quando o rei era agredido e humilhado, confirmando a sua inferioridade diante da figura divina.
Para outros, teve início na Grécia por volta de 600 a.C., onde se comemorava o princípio da primavera. Ainda há aqueles que acreditam que a sua origem decorre da Saturnália, em Roma, ocasião na qual as pessoas se mascaravam e passavam dias a brincar, comer e beber. Com a ascensão do cristianismo, as festas pagãs ganharam novos significados. Assim, o Carnaval tornou-se a oportunidade dos fiéis despedirem-se de se alimentarem de carne, ou seja, “retiravam a carne”.
No Brasil, o Carnaval surgiu com o entrudo trazido pelos portugueses, que consistia numa brincadeira, na qual as pessoas atiravam água, farinha, ovos e tinta uma nas outras. No começo do século XX, a prática de lançar farinha e água foi proibida. Por isso, as pessoas começaram a importar dos carnavais de Paris e Nice o costume de jogar confetes e serpentinas.  Na década de 1930, com o surgimento do choro e da releitura de ritmos europeus, o Carnaval de rua era animado pelas marchinhas. O gênero musical é parecido às marchas militares, porém mais rápidas e com letras de duplo sentido. Desta maneira, criticavam a situação do país. Considera-se que a primeira marchinha de Carnaval seja "Ó Abre Alas", escrita em 1899, pela compositora Chiquinha Gonzaga. Surgem então as "sociedades carnavalescas", agrupações de foliões que saíam pelas ruas da cidade tocando as marchinhas e dançando. Com a popularização do rádio, as marchinhas caíram no gosto. Só na década de 1960, surgiu o samba-enredo das escolas de samba.
Portanto, se não há como fugir do Carnaval, “Ó abre alas, que eu quero passar”, afinal “Não me leve a mal. Hoje é carnaval!”.

02 de Março de 2019

Rombo

Os governadores que assumiram mandato há dois meses, em oito Estados e no Distrito Federal, receberam um rombo somado de R$ 71 bilhões dos antecessores, segundo informações prestadas pelos próprios governos ao Tesouro. Uma verdadeira “herança maldita”.  Em seis Estados: Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Sergipe, faltou até mesmo dinheiro para gastos obrigatórios, como saúde e educação.  Pernambuco, Tocantins e o DF também estão no vermelho.

 

Vazou

Após a Receita Federal incluir a mulher do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a advogada Roberta Maria Rangel e a ministra Isabel Gallotti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), entre os contribuintes alvo de investigação por indícios de irregularidades tributárias; os ministros do Supremo, conforme publicou o Estadão, articulam com o Congresso a aprovação de projeto para limitar a atuação da Receita. Os ministros acreditam que houve vazamento dos dados sigilosos.

 

Pressão

Com o fim do auxílio-moradia, decretado pelo STF em novembro último, procuradores, agora, fazem pressão sobre o Conselho Superior do MPF por outros penduricalhos e regalias. Solicitam o pagamento de gratificações por acúmulo de funções e ainda, o ilustre benefício de obterem uma autorização para trabalharem a distância, sem se deslocarem até a unidade do Ministério Público Federal (MPF), por até dez dias úteis de cada mês do ano.

 

Aliviado

Faltam mais aliviados no cenário político nacional. O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (MDB) afirmou, em depoimento a procuradores do MPF (Ministério Público Federal), estar “aliviado” ao admitir, pela primeira vez, ter recebido propina “várias vezes”, inclusive dentro do Palácio Laranjeiras. “Quero continuar ficando aliviado. Seja o tempo que eu passar na cadeia”, disse.

 

Críticas

Críticos do governo Bolsonaro estão esbravejando com a frase da ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, em Genebra (Suíça), que a execução do hino nacional nas escolas será obrigatória, embora não exista punição para quem não obedecer; e fará parte de uma agenda de promoção de ética e cidadania. Vale lembrar que em 2009, o então ministro da Educação, Fernando Haddad, e o presidente em exercício, José Alencar, também já tentaram tornar a execução do hino nacional em escolas públicas e privadas, obrigatória, semanalmente. Trata-se da lei nº 12.031, de 21 de setembro de 2009.

 

Frio

O governador de São Paulo, João Doria, teve que desmentir a notícia, do jornal Folha de S.Paulo, na terça (26), durante o evento “Melhoria do Ambiente de Negócios- Doing Business Brasil 2020”, realizado no Palácio dos Bandeirantes, que afirmava que Doria “mantém um relacionamento frio e cada vez mais distante com o atual prefeito Bruno Covas, seu correligionário de PSDB e postulante à reeleição”.

 

Eleição

O motivo, segundo alegou a publicação, é que Doria tem estimulado a deputada federal Joice Hasselmann (PSL) a disputar a eleição para a Prefeitura de São Paulo, em 2020. Durante o evento, o governador afirmou: “Quero deixar claro, aqui, na presença do Bruno Covas ao meu lado, que nossa relação é a melhor possível, a mais estreita possível, a mais próxima possível. Não há nenhum afastamento de nenhuma espécie como afirmou um respeitado jornal da capital de São Paulo”.

 

Conveniência

Apesar dos dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado apontarem aumento de 35% nas ocorrências de furto de veículos, entre dezembro de 2018 e janeiro deste ano, em todo o ABC, sendo Santo André, o município que registrou o maior aumento de furtos de veículos, e ainda a cidade apresentar alta nos casos de furtos geral, no mesmo no período, em 16,5%, a assessoria de imprensa da Prefeitura do município analisou os dados de maneira diferente.

 

Conveniência I

Em nota, a Prefeitura achou dados mais interessantes. Realizou comparação de janeiro de 2019 ao mesmo mês do ano passado, e encontrou dados positivos, pois o número de roubos de veículos caiu 33%, de 207 para 139; o de furtos de veículos diminuiu 13%, de 402 para 351. E os dados de roubos em geral também tiveram redução, de 720 para 517, uma queda de 28%. Com isso, enfatizaram no material, ainda, que a “queda nos índices é resultado de um conjunto de medidas tomadas pelas forças de segurança da cidade, que criaram o Comitê Integrado de Segurança (CIS), além da adesão do município ao Programa Detecta”.

 

Exonerado

O secretário de Desenvolvimento Econômico de São Caetano, Flavio Prado, a pedido, foi exonerado do cargo, na terça (26). Prado havia assumido o comando da pasta em maio do ano passado. Interinamente, assumiu o comando da secretaria, o diretor da Secretaria, Fernando Trincado. É a quinta mudança que ocorre no secretariado do prefeito José Auricchio Júnior, neste começo de ano.

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A moeda tende a desaparecer. Ela já serviu à Humanidade durante milênios. Aos poucos foi cedendo espaço para o cartão. E este não terá vida longa. As transferências financeiras já são virtuais e se tornarão cada vez mais rotineiras. O computador, os aplicativos de smartphones, os dispositivos “wearables”, como óculos, relógios, pulseiras e canetas, vão fazer melhor serviço do que o pouco higiênico dinheiro e o contaminado cartão de plástico.
As megatendências mostram que até 2020 – é logo ali!...- quase oitocentos bilhões de pagamentos se farão instantânea e digitalmente. Isso já é realidade constatada pelo Banco de Compensações Internacionais – BIS, que define: os pagamentos instantâneos são transferências eletrônicas em que a transmissão da mensagem de pagamento e a disponibilidade de fundos ao beneficiário final ocorrem em tempo real. É um serviço disponível vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, trezentos e sessenta e cinco dias por ano.
É óbvio que em países de desenvolvimento retardado – o adjetivo é proposital – não se caminhe tão rapidamente como na Escandinávia. Mas até o Quênia tem 31% do PIB movimentado pelos aplicativos. Na China, dinheiro convencional é raridade. Todo chinês desperto para o consumo aponta o celular para um código, do tipo QR Code, que identifica a carteira digital do vendedor e confirma o pagamento.
Os mendigos já dispõem de seu próprio código para receber esmolas. O chinês é tão fanático por acelerar o desenvolvimento que dispensou o cartão de crédito. Do papel moeda, passou logo para o celular. Em 2016, cinco trilhões de dólares foram assim movimentados.
No Brasil, mais da metade – ou, mais exatamente, 52% - dos pagamentos são feitos em dinheiro. Mas os Bancos estão adiantados na tarefa de propiciar a seus correntistas o acesso ao mundo digital. Tanto que o mobile banking cresceu 70% entre 2016 e 2017, informa Celso Ming, (“Adeus, Cartão de Crédito”, FSP, 17.8.18). E Rômulo Dias, Diretor-Presidente do Grupo UOL deixou a Cielo para assumir uma experiência em fintech, a Pag-Seguro. Para ele, as fintechs promovem inclusão financeira. Já são seis milhões de micro, pequenos e médios empresários, muitos sem conta em banco, que oferecem aos clientes vendas pela internet.
O avanço da tecnologia barateia o custo das transações. As fintechs ofertam contas digitais sem custos e sem tarifas por transação. Existe uma lei em vigor – 12.865, de 2013 – que estimula a inovação e a diversidade de formas de pagamento. Além do QR Code, pode-se adotar o P2P, forma de pagamento de pessoa a pessoa.
O mundo é outro e as pessoas querem resultado. Exigem eficiência. Já não suportam burocracia. Esta, além do anacronismo, sugere corrupção. Por isso é que o Estado deve se reduzir ao máximo, para que a iniciativa privada, que tem de sobreviver aos desmandos do governo, assuma as rédeas do convívio. Afinal, o soberano é o povo, não o governante. Pelo menos, é o que ainda diz a “Constituição Cidadã”, que logo mais completará seus trinta anos.

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São  inúmeros os escândalos que têm sido divulgados  e publicados pela imprensa em geral referentes  a abusos sexuais praticados por sacerdotes católicos em várias partes do mundo. O Papa Francisco tem-se mostrado atento à questão  e vem tomando providências até certo ponto cautelosas, mas firmes, quanto à punição de culpados. Em reunião recente, por ele convocada com várias autoridades  religiosas para tratar do assunto,  foi firme em enfrentar o problema e as providências para combater o Mal. Disse  ele, ao abrir esse encontro: “o povo de Deus nos olha e não só espera de nós simples e óbvias condenações, mas também todas as medidas concretas e eficazes que o caso comporta”.  Um jornal português Expresso destaca a propósito: “Há algo de particularmente desconcertante e perverso no homem misticamente investido do poder do caminho da verdade e da vida, que usa desse poder para abusar de crianças, adolescentes, rapazes e raparigas, homens ou mulheres”.
Enfrentando a questão com firmeza, em encontro recente no Vaticano, Francisco expressou o seguinte: “O problema não é somente descobrir e castigar os culpados, em vez de ocultá-los como no passado. A Igreja precisa de toda uma reestruturação a fundo na eleição e formação dos jovens que queiram chegar ao sacerdócio. Do contrário, com o celibato obrigatório, acabam entrando no clero jovens com maiores problemas psicológicos e se sentem incapazes de formar uma família”.
E aí entra  a delicada questão do celibato eclesiástico. Padre não pode casar-se, mas a restrição tem sido enfrentada em parte, por religiosos, ao longo de séculos. Parece, pois, chegada a hora de enfrentar o problema com objetividade e atenção às transformações por que passa o mundo influenciando as cabeças dos jovens de modo diferente dos de antigamente.
Existe hoje no mundo mais de um bilhão de católicos, um desafio para o papa Francisco que tem, dentro do próprio Vaticano, seus mais ferozes inimigos.
É assim que a Igreja,  como instituição, está firme no propósito de enfrentar tão grave crise que se abate sobre ela, com expulsão até de cardeais, em torno de crimes sexuais de religiosos (pecados segundo sua doutrina)   numa tentativa  corajosa de limpar sua imagem.

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Na nossa cidade de São Bernardo nos dias de hoje o carnaval morreu.
Em nossa reunião na Casa da Memória, ouvimos muitos depoimentos sobre os carnavais de ontem e os de hoje. Sobre isso nosso diretor Jorge fará a matéria esta semana. Procurem aqui no jornal. O maestro Conceição levou alguns dos músicos que tocam e cantam com ele, todos com mais de setenta anos. Ficamos sabendo pelo cantor André, também chamado o Embaixador do Carnaval, a verdadeira história dos carnavais. Foi muito interessante.
Bom, não vou entrar na matéria do Jorge, apesar dos dedos no teclado estarem agulhando.
Vamos a minha história. Meu pai era muito brincalhão, mas não gostava de carnaval em salão. Eu e minhas irmãs e primas já mocinhas, fomos uma noite na Associação Italiana. Quem nos levava aos bailes era minha avó Assumpção, mas nesse dia quem nos acompanhou foi minha mãe Odette. Lá pelas uma hora da manhã, chegou meu pai para nos buscar. Assim acabou com nossa alegria. Achou melhor continuar indo com a família nesses feriados para a Praia Grande. Aí sim, participava. Íamos para os corsos em São Vicente levando confetes, serpentinas e farinha de trigo. Sem esquecer de comprar caixas de lança-perfume. Ele então colocava um vestido da mamãe. Íamos sentadas sobre o capô do carro, cantando e nos integrando com outras pessoas desconhecidas. Adorávamos o geladinho do lança perfume em nossas peles, até que o governo descobriu que algumas pessoas faziam dele uma droga, os colocando sobre os lenços (que eram muito usados antigamente) e aspirando o perfume do éter com que eram quimicamente feitos.
Quando comecei a namorar o meu Theo, ele nos acompanhava no carnaval. Meu pai dizia que agora era a vez dele. E lá ia ele sobre o capô do carro vestido com roupas de minha mãe que nele ficavam como uma mini saia.
Mais tarde em Itanhaém, meus filhos e amigos enterravam, nas férias de janeiro, caixas de ovos sob a areia, no terreno atrás de nossa casa. No carnaval ficavam escondidos atrás da cerca ripada e árvores, atirando esses ovos podres nos ocupantes dos trenzinhos abertos que circulavam. Mas também já vinham outros “moleques” nesses trenzinhos com suas armas em forma de ovos. Até que um deles atingiu o condutor quando então a polícia foi chamada. Foi aí que descobrimos o que os meninos aprontavam.
Não havia nada de mais grave. Os jovens iam aos bailecos nos clubes, sabendo as letras de músicas de antigamente, sem saber que hoje elas são chamadas de homofóbicas. Os adultos frequentavam os bailes noturnos, sempre uma festa de encontro de amigos.
E continuamos com as músicas antigas na memória…O Teu Cabelo Não Nega.... Olha a Cabeleira do Zezé…Mamãe eu Quero...Ó Abre Alas.... Ala-laÔ... Daqui Não Saio...Acorda Maria Bonita...Cachaça Não é Água...Está Chegando a Hora...Máscara Negra...Cidade Maravilhosa... e por aí vão as lembranças...
Aqui na cidade o carnaval morreu. Concordo que, com a atual situação do país, nossos governos têm que dar prioridade ao uso do que arrecadam, em obras que envolvam saúde educação, etc.
Os carnavais de salão são poucos em todo o país. O forte do carnaval hoje são os blocos. Infelizmente é preciso muito cuidado com as carteiras e celulares, pois os mau caráteres se introduzem no meio do povo os afanando.
E vamos vivendo mais um carnaval...alguns descansando na praia ou no campo, viajando, ou mesmo acompanhando por uma TV.
FELIZ CARNAVAL!
Um abraço, Didi

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O carnaval de Veneza é muito mais antigo do que se pensa, pois segundo as anotações dos registradores da Sereníssima, a festa foi instituída por volta dos anos de gestão do Dodge Vitale Falier, proveniente de uma das famílias mais abastadas da região. O carnaval, cujo nome é composto pelas palavras carnem  e lavare, é uma festividade associada ao catolicismo, embora não seja  reconhecida pela Igreja, como um evento religioso. A data remonta ao fim do século XI, época da qual datam as primeiras referências escritas sobre sua celebração. Propôs que, antes do início da quaresma, a população tivesse direito  a usufruir de um período de jogos, brincadeiras e diversão pública. Não era novidade, pois os romanos já realizam esse tipo de festa, nos chamados dias de Saturnali, quando festejam o deus Saturno, com banquetes, sacrifícios e subversão dos papéis: os escravos tomavam o lugar dos patrões por certo período, ou seja, para que nobres e plebeus se misturassem em um momento de diversão anônima até os dias atuais. Com o apoio definitivo das autoridades, o carnaval teve uma adesão generalizada por parte dos venezianos, não só entre as altas esferas sociais, que viam nas máscaras uma excelente oportunidade para se exceder livremente, mas também entre as classes mais baixas e integrantes do clero, que aproveitavam para se fantasiar de monstros, demônios e muitas outras figuras.  Efetivamente, mas foi em 1296, que o Senado veneziano formalizou o carnaval com um decreto que declarava que o último dia antes da quaresma fosse de festa. Porém, a população já começava a comemorar o carnaval meses antes, em dezembro. A oficialização do evento trouxe uma série de usos e costumes, além de caracterizá-lo como uma verdadeira oportunidade de novos negócios. Nesta época, já existiam, por exemplo, as escolas ou confrarias dos mascareri, ou seja, dos artesãos que produziam as máscaras e fantasias para os foliões. A euforia do carnaval estava no papel que ele incorporava. Um momento de abandono da própria identidade. O anonimato permitia aos venezianos  de ser quem eles queriam ser pelo menos durante esse período do ano. Os homens usavam a baùta, uma roupa com uma espécie de capa  que cobria todo o corpo. O rosto era escondido por uma máscara branca triangular, com uma abertura que não os impedia de comer e beber, mas era suficientemente fechada para alterar até mesmo a voz de quem a usava. As mulheres a moretta uma máscara preta de veludo oval, mas para elas o silêncio reinava o silêncio pelo fato da moretta era encaixada no rosto por meio de um botão que devia ficar dentro da boca da mulher, o que impedia de se expressarem. A liberdade muitas vezes era exacerbada: atos imorais, golpes, pequenas ações criminais aconteciam, mas eram controlados pelas autoridades. Em certo período as máscaras chegaram a ser proibidas durante a noite, nos lugares sagrados e nas casas de jogos. Mas, nos teatros o uso das máscaras era obrigatório para todos. A população veneziana continuou fantasiando-se por séculos, quando o carnaval de Veneza atingiu seu auge no século XVIII, quando famílias inteiras de nobres e até mesmo da realeza juntavam-se à folia. Nessa época, os governantes passaram a permitir andar fantasiado durante todo o semestre, em vez de apenas nos dez dias previstos no calendário. Com a queda do potencial econômico de Veneza, o evento passou a perder certa importância, sendo o golpe final a proibição de sua celebração por Napoleão, em 1797, ao conquistar a cidade. Com isso, sofreu um longo período de ostracismo até a retomada a pleno vapor no século XX, ficando reincorporado ao calendário veneziano, oficialmente, a partir de 1979, quando deu-se um autêntico renascimento carnavalesco. Um claro sinal  disso foi a proliferação  de lojas de máscaras, motivo de preocupação dos comerciantes italianos com a concorrência chinesa na produção dos artigos, oportunidade em que passaram a colocar placas nas portas das lojas com a seguinte informação: maschere genuine italiane, non cinesi. As autoridades venezianas se dando conta do forte apelo turístico do carnaval na cidade, deram um grande incentivo investindo na promoção com um grande programa festivo que inclui desfiles na Piazza San Marco, regatas de gôndolas  e desfiles com barcos alegóricos ao longo do Grand Canal, concursos de fantasias e de máscaras, blocos nas praças principais. Assim, a magia do carnaval de Veneza revive a antiga tradição veneziana quase milenária de se mascarar e ser anônimo por alguns dias, participando das festas que devolvem à cidade seus tempos mais áureos e coloridos.


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