26 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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A Guerra de Canudos foi um conflito armado que envolveu o Exército brasileiro e membros da comunidade  sócioreligiosa liderados por Antonio Conselheiro. Ele foi  um cearense que se embrenhou em terras baianas, nos anos de 1895 para comandar uma luta contra o Exército, por não concordar com a República, proclamada seis anos antes. Canudos. depois chamada Belo Monte, assim rebatizada por ele, o taumaturgo que ligou seu nome ao arraial baiano palco de um capitulo importante da nossa História. (ver, a propósito, texto de José Maria Mayrink em O Estado de S. Paulo, edição de 16/04/2017).
Euclides da Cunha em seu famoso Sertões faz breve referência ao movimento sedicioso, pois já doente  não teve como mergulhar no estudo dessa epopéia  mal compreendida por seus ideais e  propósitos de luta contra a República recém instalada.
O professor cearense Pedro Lima Vasconcelos, em dois preciosos volumes refaz a historia desse movimento, trazendo os “Apontamentos do Conselheiro” no volume 2 e no volume 1 destaques sobre o movimento que abalou o Brasil no final dos anos 1800 (cf. Realizações Editora, SP, 2017).  O prefácio desse livro é do conhecido intelectual Leandro Karnal, sob o título “O Beato que Escreve” destacando  do estudo de Vasconcelos:  “Se as elites urbanas da capital viram no Conselheiro  o brasileiro arcaico, o texto parece indicar um homem letrado acima da média e fruto do todo o  processo colonizador e missionário do Brasil”. Diz mais Karnal: “... desde que  seu corpo foi desenterrado após a tragédia de 1897, talvez seja a maior exumação do cadáver  do homem que tremeu a jovem República”.  O segundo caderno de anotações do Conselheiro de 1897, foi publicado somente em 1974, pelo professor Ataliba Nogueira, mestre da nossa Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, sendo que as anotações do Conselheiro foram encontradas depois nos escombros de Belo Monte (antes, Canudos). Os soldados que os acharam  estavam procurando o cadáver do Conselheiro,  morto 15 dias antes.
 “Longe de ser um demente mental (como muitos enganadamente o consideraram) o Conselheiro era um homem letrado e prático”, diz Pedro Lima Vasconcellos sobre os escritos e as obras do peregrino de Canudos, que trabalhou como engenheiro na construção de casas, igrejas e cemitério ainda nos primórdios de seus dias de luta pela libertação de Canudos, destruída pela República que o Beato tanto combateu.
Voltemos ao prefácio de Leandro Karnal sobre o livro de Pedro Lima Vasconcelos, da Universidade  Federal de Alagoas: Se o verdadeiro é um sonho interditado aos historiadores contemporâneos,  o verossímil ganhou muito com a publicação do livro de Vasconsellos, pois como ele mostra, “o arraial foi destruído e depois alagado. A obra de Vasconcellos revive a tragédia e seu personagem central. O sertão virou mar, enfim”.
Sobre os “Apontamentos” do Conselheiro, parte importante do livro, assinala Karnal que eles estão certamente ancorados à luz de alguma matriz literária, em particular a Bíblia Judaico-cristã e outras obras de cunho religioso, pois ele era de muitas leituras e sabia muito bem o que queria com sua luta contra a República, assumida também pela gente humilde do arraial.  Lutou em vão contra forças do Exército que dizimaram o povoado para fazer de Canudos um capitulo comovente de nossa História.                                                                                      

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